Geral

Fomento Leiteiro Auriverde: tamponante nas dietas de bovinos leiteiros

Por: Thiago Zardo – Zootecnista

Depto. Técnico e Fomento Leiteiro Auriverde

O uso de aditivos tamponantes cresce cada vez mais na atividade de produção de leite. Atualmente, os animais têm uma média de produção e pico de lactação muito mais alta do que há alguns anos atrás e consequentemente um maior consumo de alimentos concentrados e aditivos para suprir as exigências nutricionais. Isso aumentou o desafio de produção mantendo o equilíbrio nutricional e metabólico do animal e aditivos nutricionais como o tamponante ajudam a controlar do bom funcionamento do pH do rúmen, melhorando a sanidade do animal e a qualidade do leite.

A digestão de matéria orgânica, pelas bactérias presentes no rúmen, tem como produto os ácidos graxos voláteis (AGV´s), em dietas com grande quantidade de amido, esses ácidos podem aumentar muito e acidificar o ambiente ruminal, o que atrapalha o funcionamento e absorção.

Os ruminantes possuem um complexo sistema de regulação acidobásico, com o pH do rúmen variando de 5.5 a 7. A principal forma do ruminante controlar o pH do rúmen é através da saliva. A saliva tem um papel muito importante em relação a secreção de tampões fosfato e, principalmente, bicarbonato, fazendo um controle do pH ruminal e evitando sua acidificação. Por isso a importância de uma dieta balanceada e com uma boa proporção de fibra efetiva, essa fibra efetiva estimula ruminação. Ruminação é a regurgitação repetida e remastigação dos alimentos, o que produz grande quantidade de saliva.

Uma queda no pH do rúmen, pode trazer como consequência, diminuição do consumo de matéria seca, diminuição na produção de proteína microbiana produzida no rúmen, queda na gordura do leite e problemas de cascos como a laminite. Os sinais iniciais de acidose no rúmen refletem em uma queda na gordura do leite, ou depressão na gordura do leite, que é resultado de muita produção de ácidos graxos voláteis, que dificultam a perfeita formação do leite na glândula mamária.

O bicarbonato de sódio é o principal tamponante utilizado na alimentação de vacas leiteiras, é um tamponante verdadeiro, pois tem a capacidade de controlar o pH do rúmen e é o que mais se aproxima do efeito tamponante da saliva do animal. Outros componentes podem ser chamados de agentes neutralizantes ou alcalinizantes, pois aumentam o PH ruminal, como é o caso do óxido de magnésio. O óxido de magnésio pode ser adicionado como um agente alcalinizante, contém 54% de Mg, e aumenta a utilização de precursores da gordura do leite pela glândula mamária. Uma indicação interessante é a associação de 2 a 3 partes de bicarbonato de sódio para 1 parte de óxido de magnésio.

O sesquicarbonato de sódio contém uma mistura de bicarbonato de sódio e de carbonato de sódio (um agente alcalinizante). O carbonato de cálcio (calcário) tem pouca ou nenhuma ação como tamponante ruminal, apenas, promove um aumento do pH fecal quando são utilizadas dietas ricas em amido, aumentando a taxa de digestão intestinal do mesmo. A bentonita de sódio é utilizada como aglutinante na produção de pellets e altera a taxa de passagem e a absorção de minerais tendo pouco efeito como tamponante. O carbonato de potássio também tem sido usado como tamponante, quando são necessários altos níveis de potássio (dietas catiônicas), como no caso de estresse calórico.

Na tabela abaixo temos os níveis de utilização de alguns tamponantes, no entanto, hoje comercialmente o que é mais utilizado é a associação de bicarbonato de sódio e óxido de magnésio, essa combinação traz os melhores resultados a campo. Somente a utilização do bicarbonato ajuda a controlar pH, mas para melhor resultado, usa-se o óxido de magnésio como complemento da ação tamponante.

Tamponantes podem ter efeito positivo mais pronunciado em animais concomitantemente sujeitos a stress calórico e a manejos alimentares caracterizados pelo fornecimento de forragem separadamente dos concentrados. Nestes casos o calor e a umidade ambientais podem deprimir mais a ingestão de forragem do que a ingestão de concentrados, reduzindo o teor de fibra fisicamente efetiva na dieta e a produção natural de tampões salivares.

Dietas com ingestão acima de 4 kg de ração por vaca dia já requerem uma atenção e acompanhamento, talvez a quantidade de amido na ração não seja tão alta a ponto de acidificar o pH do rúmen, mas quando associado com dietas a base de silagem, pouca fibra efetiva no rúmen e pastagens já sementando, podem desencadear casos de acidose ruminal. Por isso sempre é preciso ter um acompanhamento técnico a cada mudança na dieta, principalmente com vacas de alta produção e alto consumo de concentrado.

 

Bibliografia:

http://www.accb.com.br/files/doc/Uso-de-substancias-tamponantes-para-bovinos-leiteiros.pdf

https://www.milkpoint.com.br/radar-tecnico/nutricao/uso-de-tamponantes-em-dietas-para-vacas-leiteiras-22880n.aspx

https://www.milkpoint.com.br/radar-tecnico/nutricao/depressao-da-gordura-do-leite-efeito-das-fontes-de-acidos-graxos-da-dieta-parte-i-100917n.aspx

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