Geral

Fomento Leiteiro Auriverde: os principais cuidados na produção de silagem de milho

Guilherme Fernando Mattos Leão
Médico Veterinário, MSc., Doutorando em Zootecnia (UFPR)
Consultor Técnico Auriverde

Neste período do ano, já é natural que o produtor comece a pensar na produção de silagem de milho. A maioria dos produtores já plantou ou ainda está plantando o híbrido nesta época, então este artigo não falará do manejo agronômico da cultura do milho, adubação e controle de pragas. Embora, o cumprimento destas etapas seja fundamental para a produção de uma silagem de alta qualidade, o objetivo deste artigo é ressaltar os principais cuidados no momento da produção da silagem.

Dentro deste tema, quatro cuidados devem ser considerados: o ponto de colheita, o tamanho de partícula, a compactação do material e a vedação.

O ponto de colheita deve ser respeitado pois é este momento que garante que haja qualidade fermentativa e que o material ensilado seja realmente conservado. Nesse contexto, o ponto recomendado para ensilagem de milho, é quando essa cultura esteja entre 30% e 37% de matéria seca (MS). Do ponto de vista prático, um bom parâmetro para saber o ponto de colheita é o momento que a linha do leite atinge 50 a 75% do grão (da base para o ápice). Quando o material é ensilado antes do ponto (< 30% de MS), haverá um menor rendimento de matéria seca e de energia por unidade de área e pior qualidade fermentativa, podendo seu menor teor de matéria seca acarretar em perdas por efluentes (Situação em que o silo “chora”).

Já quando se colhe um material passado do ponto (> 37% de MS), haverá maior quantidade de ar dentro do silo devido a maior dificuldade de compactação, e assim é esperado uma maior quantidade de perdas.

Outro ponto importante é o tamanho da partícula, que deve ter de 1 a 2 cm, de acordo com o separador de partículas Penn State (Penn State Particle Size Separator). O ideal é que 3% a 8% das partículas fiquem retidas na peneira superior (partículas > 19,0 mm), de 45% a 65% encontrem-se no estrato intermediário (entre 19,0 mm a 8,0 mm) e 30% a 40% fiquem retidas na peneira inferior (partículas entre 8,0 mm a 1,67 mm). No máximo 5% das partículas deve ficar no fundo do equipamento (partículas < 1,67 mm).

O motivo desta distribuição seria a garantia de uma boa atividade digestiva por parte do animal (Silagem muito picada pode levar a ocorrência de distúrbios) e a diminuição de perdas (Silagens pouco picadas pode implicar em maior seleção por parte dos animais).

Em outras palavras, silagens com partículas muito grandes dificultam a compactação e, consequentemente, maior será o tempo para que a anaerobiose se instale no silo. Isto aumenta as perdas e diminui o valor nutricional da silagem. Por outro lado, partículas muito pequenas também não são desejáveis, pois possuem pouca ação física no rumem, reduzindo a taxa de mastigação e a produção de saliva e, consequentemente, o pH ruminal, causando acidose.

A manutenção e regulagem da ensiladeira também tem participação considerável no resultado final da silagem. A máquina deve ter capacidade de cortar uniformemente a planta e de quebrar o grão em partículas menores para que o amido seja exposto, levando ao melhor aproveitamento pelo animal. Quanto menor o tamanho da partícula do grão, maior a área de contato que as bactérias e enzimas do rúmen possuem para digestão do amido presente.

Dessa forma fica claro a importância do tamanho de partícula para produzir silagem de boa qualidade, pois a mesma afeta diretamente a qualidade da compactação do silo.

Com relação a compactação, a silagem deve ser compactada afim de possuir densidade final de 550 a 700 kg de matéria natural por m3, ou 200 a 250 kg de matéria seca por m3. Feito isso, o silo deve ser fechado no menor espaço de tempo possível, mantendo-se as condições anaeróbias (Sem oxigênio dentro do silo) a fim de que as características qualitativas da silagem sejam similares à da forragem verde. A correta compactação da silagem é importante para excluir o oxigênio e garantir condições anaeróbias para preservação dos nutrientes. Quanto mais compactado, melhor é a expulsão de oxigênio e mais rápida será a fermentação.

Todavia, vale ressaltar que o tempo entre o corte da planta e o fechamento do silo deve ser o menor possível, devendo ocorrer, preferencialmente, no mesmo dia. Após o corte, em uma tentativa de sobreviver, as plantas aumentam o consumo de carboidratos próprios (Que são os nutrientes que garantem energia para o animal) e, por fim, começam a ativar enzimas, ocasionando perdas futuras na fermentação. Por isso, é essencial que a anaerobiose seja estabelecida rapidamente.

A escolha do tipo de lona tem influência na vedação do silo.  As perdas nas áreas periféricas do silo são influenciadas principalmente pela espessura do polietileno, onde tanto quanto menor for a espessura e/ou permeabilidade da lona, maiores são as perdas ao longo da estocagem, pois as flutuações da temperatura (evidente entre o dia e a noite) determinam diferenças de pressão entre os gases contidos no interior do silo a aqueles da atmosfera, promovendo fluxos de troca continua destes, do interior para o exterior e vice-versa.

Sendo assim, seria necessária uma lona de pelo menos 200 micras, geralmente dupla face, para que a vedação seja efetiva. As bordas do silo também devem ser cobertas com terra ou outros objetos que impeçam a entrada de ar e água.  O isolamento do entorno do silo também é importante para evitar a entrada de animais e pessoas que possam romper a lona e prejudicar a vedação.

Sendo assim, deve-se sempre ressaltar que estes passos, quando bem executados, garantem uma silagem de alta qualidade. O básico, quando bem feito, garante sempre bons resultados. 

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