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Avicultura catarinense perde competitividade no cenário nacional

Em abril, a indústria nacional embarcou 421 mil toneladas de carne de frango para o exterior – o segundo melhor resultado da história, com um volume 25% maior que em 2015, segundo a Associação Brasileira da Proteína Animal (ABPA). Apesar do bom resultado, um alerta acende em Santa Catarina. Considerado o Estado com a melhor qualidade sanitária do país, o que, em tese, seria um propulsor para os negócios internacionais, SC perde competitividade perante outras federações como Paraná, Goiás, Minas Gerais e São Paulo. 

A justificativa, que está na ponta da língua dos especialistas, é um problema recorrente: o aumento do custo de produção. Santa Catarina não é autossuficiente na produção de grãos. O frete pago para trazer milho e soja de outras regiões onera os custos da indústria. Associações de produtores de aves e suínos calculam que uma saca de milho comprada por cerca de R$ 23 em outros Estados chega por R$ 54 aqui. 

— É uma luz amarela que se acende no Estado. Além dos gastos com grãos, algumas produções foram reduzidas por conta da própria crise. Teve granja em férias coletivas, por exemplo. Tudo isso nos faz perder a competitividade — alerta o presidente da Associação Catarinense de Avicultura (ACAV), José Antônio Ribas Júnior.

Essa e outras questões estão em debate no AveSui 2016, evento que reúne especialistas do setor de aves e suínos até quinta-feira, no CentroSul, em Florianópolis. Cerca de 40 expositores estrangeiros e 14 mil pessoas devem participar durante três dias de evento.

Segundo Ícaro Fiechter, diretor-executivo do Sindicato das Indústria de Produtos Avícolas do Paraná (Sindivipar), o Estado vizinho vem ampliando participação, enquanto SC recua. Em 2014, a indústria catarinense respondia por 17% dos abates no país e a paranaense, 31%. Em 2015, a participação do Paraná passou para 32% e SC, 16%.

Nos quatro primeiros meses do ano, as exportações de carne de frango do país chegaram a 1,46 milhão de toneladas, um volume 15,4% maior que o registrado nos quatro primeiros meses de 2015. Em Santa Catarina, os dados do quadrimestre não estão fechados. De janeiro a março, foram 182,5 mil toneladas, o que correspondeu a US$ 321,7 milhões em negócios com o exterior e queda de 12,14%.

No país, a receita cambial alcançou elevação de 9,8% no quarto mês deste ano em comparação com o ano anterior, chegando a US$ 620 milhões. No quadrimestre, com US$ 2,11 bilhões, houve retração de 2,17% em relação ao ano anterior. Em reais, houve crescimento de 27,1% no quadrimestre. Para Ribas Júnior, transporte dos insumos via ferrovia – reduzindo os gastos com o frete –, implantação de políticas de abastecimento e armazenagem de grãos poderiam auxiliar a retomada dos ganhos do setor.

— Temos uma produção qualificada, que precisou ser reduzida neste momento. O que precisa ser feito é algo que consiga manter esse ritmo — afirma.

Governo estadual estuda prorrogar redução do iCMS

O governo do Estado também estuda a prorrogação da redução da tarifa do ICMS para os produtores catarinenses, válida inicialmente por 60 dias, mas não tem definição. Suspender, por pelo menos três meses, o PIS/Cofins referente à importação, liberar os estoques da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e criar políticas estaduais para que os agricultores prefiram comercializar o grão internamente, em vez de exportar, também estão entre as medidas pleiteadas pelo setor, explica o presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Losivânio Lorenzi.

— No fim de maio, devemos ter safra de milho no Paraguai, onde conseguiríamos preços mais baixos. Mas até onde sabemos, toda a produção já está comprometida com outros Estados. Infelizmente não vejo um horizonte favorável. A demanda pelo grão é muito grande e precisamos regular a produção de suínos — comenta Lorenzi.

 Segundo o presidente, eventos como AveSui – considerada a maior feira de aves e suínos da América Latina – são importantes para o produtor, mesmo que, no momento, ele não tenha condições de implantar as tecnologias expostas lá na produção.– Sabendo o que está disponível, esse agricultor pode direcionar a propriedade dele ou mesmo a produção focando naquilo, sem contar que é uma troca de experiência com outros produtores – indica.

 

Fonte: Diário Catarinense

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